quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Como se reunir

A forma como os primeiros cristãos se reuniam definiu a fé cristã: a única religião sem templo, sem clero e sem ritual da história da humanidade! Que glória para o Carpinteiro e sua fé.

Gente rude, pobre e cansada era o clero, a sala de uma casa era o templo, roupas surradas consistiam sua vestimenta e Jesus era o vocabulário.

Note bem: a Igreja de Jesus Cristo nasceu na informalidade e deveria ter continuado assim. Ela precisa ser informal se desejamos que seja cativante e cheia de significado para nós e para os não cristãos que ali chegarem.

Se o propósito de nossas reuniões é comunicar ao mundo o que é ecclesia e o que é a fé cristã devemos, então retornar a informalidade. Nossa fé nasceu assim!

terça-feira, 9 de novembro de 2010

E Então Ele se Apaixonou…


“Vemos, porém, coroado de glória e de honra aquele Jesus que fora feito um pouco menor do que os anjos, por causa da paixão da morte, para que, pela graça de Deus, provasse a morte por todos.” (Hebreus 2:9)
Quando estamos apaixonados, a vida ganha cores mais fortes. Costumamos agir de forma extremada: Nenhum sorriso é largo demais, nenhum pranto é longo demais, nenhum beijo é molhado demais… Tudo é nada!
Por isso, costumamos associar paixão ao sentimento arrebatador, capaz de minar os fundamentos da nossa racionalidade. Todavia, a palavra em questão também está aliada a idéia de dor e sofrimento; isto fica mais claro quando compreendemos que esta, originou-se do termo grego pathos (παθος), em bom português, doença.
Existe alguém que vive a paixão em sua forma mais plena: Ama o alvo do seu amor de forma demasiada e por ele foi capaz de sofrer as piores dores…. Este alguém é Deus!
Para muitos artistas, a paixão é o fole que atiça a chama da criação, e creio que o Senhor a vê de modo semelhante, pois a pedra fundamental do universo foi lançada no momento em que Ele se apaixonou! Tenho por certo que bem antes de haver criação, houve paixão (em todos os seus sentidos)!
“De outra maneira, necessário lhe fora padecer muitas vezes desde a fundação do mundo. Mas agora na consumação dos séculos uma vez se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de si mesmo.” (Hebreus 9:26)
Desta forma, em um tempo que existiu antes de existir o tempo, o Todo Poderoso, imbuído da mais obstinada das paixões, erigiu a cruz eterna, onde o Cordeiro, Seu Filho Unigênito, foi oferecido em holocausto, por amor da humanidade.
Logo, devemos compreender que, assim como qualquer atitude apaixonada, a crucificação de Cristo, não pode ser explicada pela razão…
“Mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos.” (1 Coríntios 1:23)
nEle, que nos ama de forma desmedida!

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

ACIMA DA BURRICE!


Lembra quando mandavam aqueles emails com Power Points falando de Deus, e no fundo tinha sempre a foto cliché, do céu, do pôr do sol, da cachoeira? Bom, mas e quando a sua cachoeira seca, o seu céu vira um tempo feio e você encontra um buraco no chão? Não é para isso que existe aquela mensagem com aquelas letrinhas bregas? A vida não pode ser aquela perfeição quase cafona, certo?
Há milhares de anos, houve um dia numa cidade. Chamava Betânia, tinha pessoas como eu e como você. Gente do bem e do mal. Gente empolgada por nada e gente necessitada, gente que esperava. Então anunciaram que Deus entraria lá. Aquele mesmo Deus que havia ressucitado um morto chamado Lázaro. O mesmo Deus que havia feito coisas lindas. Ele chamava Jesus, e seu nome estava se espalhando por lá, como eu e você vemos hoje em dia nos adesivos dos carros, nas reportagens, entre os evangélicos que o Serra e a Dilma querem conquistar.
Enfim, pense nessa cena: ele ia entrar na cidade e os olhos de todo mundo estavam congelados no caminho por onde ele entraria. Pessoas na expectativa, pessoas que não trabalharam aquele dia só para vivenciar o momento em que o tal, o próprio Jesus Cristo, em carne e osso, entraria naquele lugar. E de repente, como mais um dos mais mortais dos humanos, ele entra montado num jumento. Não, não. Num “jumentinho”. A trilha sonora quase parou. Se fosse na sua cidade, você comentaria com a pessoa ao seu lado, certo? Se fosse na sua vida, você se decepcionaria, certo? Se fosse filme, os patrocinadores não comprariam, certo?
Mas a parte linda da história é que em Betânia o Rei entrou montado num burro e a alegria das pessoas não foi roubada e nem a espera foi frustrada. A imagem divina mais humana que poderia existir estava na frente dos olhos daquela gente e eles gritavam com uma certeza descomunal: “hosana nas alturas!” Você leu direito? “Nas alturas!” Mas como ‘nas alturas’ se ele estava a apenas alguns centímetros do chão, em cima daquele animal que não comunicava absolutamente nada e que era quase uma afronta ao cara que deixou de trabalhar só pra ver o Rei passar?
Quantas vezes você já achou as coisas de Deus um desaforo à sua cidade particular?
Quantas vezes você parou de esperar alguma coisa de Deus, porque certa vez ele não chegou em você do jeito que você queria?
Quantas vezes você olhou para o céu esperando um Deus que explodisse em 500 mil cores diferentes, e ele apareceu silenciosamente montado num burrinho marrom, cor de burro quando foge?
Quantos Power Points você já recebeu e achou que Deus era aquela mensagem chata e brega?
Eu vou dizer: brega e chato são os power points, a religião que quer etiquetar um Deus livre, dizendo como ele deve ou não deve se aproximar de você. Baixas são as definições óbvias sobre Deus. Quem quiser viver nas alturas precisa estar aqui embaixo e ver o que está acontecendo na cidade. Acompanhe:
Jesus já tinha ido à Betânia quando ressucitou Lázaro. E você deve saber como é: lembra quando Jesus entrou na sua cidade e te chamou pra fora do túmulo do quarto, da nóia, do relacionamento errado, do medo, da vidinha de dor, da carência, da falta de direção, dos erros mais imbecis que você cometia, e então todo mundo se espantou com esse milagre inédito? Pois é. Você foi marcado pela visita. Mas e se agora ele resolvesse voltar por outros caminhos? Dessa vez o caminho por onde as pessoas andam e os problemas corriqueiros transitam. Dessa vez, na sua rotina, dessa vez por um caminho que você não imagina, por meios que você não escolheria jamais. Qual seria a sua reação?
Que hoje os seus olhos estejam congelados no caminho por onde ele pode chegar, ainda que seja um caminho simples, de erros banais e atitudes terrenas. Talvez, dessa vez, você não precise sair do túmulo. Basta sair de casa para ver o Rei passar na sua rua. Um caminho aparentemente mais simples, mas por isso mesmo, muito mais sutil. E que você tenha garganta o bastante para gritar sem medo que ele é Rei o suficiente para se misturar com o que é humano porque é aí sim que ele está nas alturas. Que quando você está esperando por ele sem formatos ou idéias pré-estabelecidas, aí sim ele está nas alturas. Que ele em cima do jumento é na verdade, ele acima de todas essas burrices. E que você enxergue de longe e reconheça que Deus não é um Power Point cliché, mas é um mover que acontece e anda independente da estrutura. Ele é a visita bem vinda para aqueles que enxergam mais alto. Que essa seja a sua história, e que você sempre more nessa cidade.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O que deu a Madalena?


Madalena dava pra todo mundo. Deu pro namoradinho, depois deu pro primo dele na festinha de natal. Madalena deu pro amigo do amigo, e viu que continuar aquele namoro não seria tão correto ou tão legal. Então ela disse adeus ao namoradinho, ao priminho ao amigo do amigo. Quando ela viu que estava livre deles, esqueceu do que se tratava a liberdade de verdade e viu que agora sim poderia dar pra quem quisesse. Deu até pra melhor amiga.
Balada, esquenta, carros, finais de semana na praia, dias de semana no cinema, banheiros, inferninhos, no sofá da sala. Madalena ficou até cansada. Madalena não tinha mais o que dar.
Um dia fizeram uma comunidade no orkut que se chamava “Pedra nela!”. Na descrição tava escrito: “Se você também é como nós, acha um absurdo a Madalena dar pra todos, ou se você conhece uma história zuada dessa mina, seja bem-vindo! Obs: se a Madalena já deu pra você, você também pode participar! Nós jogamos pedra, mesmo!”
A Madalena leu aquilo e tremeu por dentro. Mais do que tinha tremido na cama com qualquer um. E suou frio, mais do que havia transpirado em todos aqueles anos. Ninguém amava Madalena. Nem Madalena amava Madalena.
No meio dessa roda de acusações e pedras, apareceu um cara que não era da cidade. Talvez por isso ele não tinha pedras na mão nem queixas a fazer. Ou talvez, aquele cara fosse diferente dos outros. Fosse igual à ela. Não porque ele vivia num desequilíbrio total, mas porque ele também não aguentava mais ver as pessoas tomando decisões pelos outros. Ele achava chato ter que pensar na vida dos outros e condená-los. Ter que ter uma opinião sobre cada detalhe, sobre cada erro, sobre cada pessoa que errava. Ele sabia que se os pecados de cada pessoa fossem passados a limpo por elas mesmas, viver seria difícil demais, e seria uma chatice. Ele sabia que pensar no passado é pra quem depende dele, e que talvez essa não fosse a melhor opção para pessoas que buscassem mudar.
Talvez tenha sido por isso que as pessoas viraram pra ele e falaram “e então? tu não acha que a mina é a mais vaca de todas?” e ele sentiu um desânimo grande, que nem respondeu.
Fim das contas, você sabe como a história termina: ele disse “quem não tem pecado que atire a primeira pedra”, e ninguém foi capaz de atirá-las porque todos nós somos uns mentirosos, todos nós ladrões de alguma coisa ou até de nós mesmos. Todos nós somos orgulhosos e extremamente ganaciosos e queremos que o mundo gire ao redor da nossa idéia de mundo. Todos nós temos aquele erro que até hoje não esquecemos.
Por causa disso, a Madalena pode ir embora com a leveza de que todos somos pecadores, e por isso mesmo, todos somos livres para recomeçar.
Agora eu penso em mim, e em você. Talvez você não seja uma Madalena, talvez você não tenha dado até dizer chega. Mas quem sabe, você se deu pra coisas que afastaram você de você mesmo. Você se deu pra opiniões e deixou que elas ferissem você como pedras, como tiros, como morte.
Talvez você esteja numa maldita rodinha e já ache normal a sujeira que acompanha os seus passos, as pedras nas suas mãos. Talvez a sua vida seja mais dos outros do que sua, e talvez, você nunca tenha dado pra você mesmo. Uma chance, um recomeço, um esquecimento, um dia seguinte, um passo diferente, uma coragem de ser uma pessoa diferente, uma humildade de procurar na liberdade quem você realmente é.
Madalena foi embora e se a história não fala muito sobre ela, é porque ela descobriu coisas maiores do que as palavras.
Dizem que ela virou santa. Mas eu acho que não. A liberdade combina muito mais com os humanos e essa é a graça de ser imperfeito: sair de prisões a cada dia.
Madalena deu o coração.
*se você achou um absurdo o termo “dar” durante esse texto, não atire essas pedras. sejamos todos imperfeitos e felizes e unidos e mais livres do que as regras de linguagem. #repense.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Possibilidade


A espiritualidade cristã significa alinhar-se – ou sintonizar – com o Espírito de Deus; a missão cristã é alinhar-se – ou sintonizar – com a atividade de Deus. Uma vez que é o Espírito de Deus que fundamenta sua missão, e é a missão de Deus que manifesta se Espírito, a espiritualidade e a missão cristãs são inseparáveis e indivisíveis.

Às vezes nos equivocamos pensando que a espiritualidade é mística, enquanto que a missão é ativista. A medida principal não é questão de misticismo ou ativismo. A medida mais segura é Cristo, que nos é acessível nas Sagradas Escrituras. O misticismo nos leva a agir como Cristo agiu? O ativismo nos leva a pensar como Cristo pensou?

Nossas ações contêm quatro componentes básicos: a motivação, o “porquê”; a intenção o “para quê”; a estratégia, o “como”; e o resultado, o “quê”. A missão cristã consiste em lutar para que haja coerência entre estes quatro elementos.

Temos um exemplo histórico do impacto desta coerência: é a manifestação do poder da vida e ressurreição de Jesus. A fé cristã é a confiança de que este poder da vida se desencadeará cada vez que estes quatro elementos se unirem com o Espírito de Deus. A missão e a espiritualidade cristã apontam para esta possibiliade.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

Em ponto morto



Martinho Lutero disse que um sapateiro louva a Deus quando confecciona honestamente um bom par de sapatos.

Cristo redimiu o homem como um todo; Cristo nos redimiu como somos.

Considere os dois cobradores de impostos do Novo Testamento, Zaqueu e Mateus. Jesus chamou um para ser apóstolo e disse ao outro que voltasse e cobrasse impostos de forma honesta. Ele indicou de alguma forma que o chamado de Mateus foi elevado e mais espiritual? Não, cada um de nós tem responsabilidade diante de Deus de exercitar seus talentos em sua própria área de atuação.

Ele lida com cada um de nós individualmente, onde estamos. O Senhor nos deu cada um dos talentos que temos. Deus não é um jogador diletante que nos dá um conjunto de habilidades que devem ser “devolvidas” para justificar nossa vida espiritual. Ou o homem todo é redimido por Cristo ou parte alguma dele o será! O cristianismo é sensível e realista, não uma espécie de jogo espiritual!

Considere o conselho sensato de João Batista ao soldado para que não fosse avarento, nem exigisse mais salários, não extorquisse dinheiro do povo e aplicasse seus ensinos onde estivesse. João não usou nenhum jargão teológico, nenhum programa socialista para o terceiro mundo, nenhuma lição espiritual da semana.

Os mandamentos de Cristo podem e devem ser obedecidos na vida cotidiana. Espiritualidade desconectada da existência é como um carro ligado infinitamente em ponto morto, enquanto os ocupantes permanecem sentados ouvindo o barulho do motor girar.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Meu Coração é um Prostíbulo!



“Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?” (Jeremias 17:9)
Nas Escrituras, o coração (do grego καρδια, kardia) representava o que conhecemos hoje por alma; a respeito desta, o escritor e apologista cristão C.S. Lewis escreveu:
“Você não tem uma alma; você é uma alma. Você tem um corpo.”
Segundo o sábio irlandês, não são nossas cascas baseadas em carbono que nos definem, e sim, nossos sentimentos e aspirações. Talvez seja este, nosso maior problema…
Cristo não nos achou doentes ou debilitados… Estávamos mortos! (Efésios 2:1) Apesar disto, por Sua graça redentora fomos resgatados! Ainda assim, o fantasma do velho homem nos assombra, pois nossa natureza caída tende ao hedonismo. Desejamos satisfazer os nossos ventres, aplacar nossas vontades, viver em função do prazer inconseqüente…
Os poetas já desconfiavam, todavia, a Bíblia já afirmava: O coração não é digno de confiança!
“Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias.” (Mateus 15:19)
Ainda existem aqueles que se valem de sortilégios para tentar justificar sua voluptuosidade. Estes insistem no clichê anti-cristão de “seguir o coração”…
“Porque os tais não servem a nosso Senhor Jesus Cristo, mas ao seu ventre; e com suaves palavras e lisonjas enganam os corações dos simples.” (Romanos 16:18)
Prefiro ser um pecador sincero (e arrependido) a ser uma quimera de “santo”. Por isso caros amigos e irmãos, falo isto sem o menor pudor: Meu coração é um poço de imundícia, um esgoto à céu aberto, o mais baixo dos meretrícios!
Aos que se chocaram com minha confissão, recomendo a leitura de algumas das cartas daquele que se declarou como “o principal dos pecadores” (1 Timóteo 1:15)…
De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim. Porque eu sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; e com efeito o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero esse faço. Ora, se eu faço o que não quero, já o não faço eu, mas o pecado que habita em mim. (Romanos 7:17-20)
Nele, que nos dá meios de suportar as tentações (1Coríntios 10:13)

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Dias Chuvosos



Em dias chuvosos como estes que estou vivendo
Aprendi a parar e refletir
E com isso me lembrar que acima das nuvens existe um sol
Um Sol que não gera apenas Luz e Calor
Mas que gera Justiça
Eu posso não vê-lo
Mas sei que ele está lá
O céu cinzento, o vento frio e o som da chuva servem pra me fazer lembrar de que a vida é um quadro que está sendo pintado, porém para ficar pronto é necessário usar todas as cores.
Desde o amarelo intenso, com tons laranja e vermelho até o mais triste cinza que me faz lembrar quem sou e mais que tudo me faz ver quem você é.
Enfim...
Quando o frio e a chuva aparecerem
Vou lembrar que este Sol está lá
Pra me aquecer e principalmente pra eu não te esquecer
Pois como já disse muitas vezes
Você é meu Pôr do Sol!!!

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Da Una Vuelta Más



“Eu sei que falta um tempo pra que a gente
Passe a eternidade aos Teus pés
Enquanto a gente vive e gira
Em torno do sol
Eu só, te peço

Da una vuelta más
Solamente una vuelta”

Resgate

sábado, 9 de outubro de 2010

Escamas

Algumas pessoas vão ler esse texto como se ele fosse uma poesia. Outras pessoas vão entender que ele é baseado em fatos reais, e que por isso, é muito mais prazeroso e libertador.

A cara que ele faz quando sola na guitarra, o suspiro que ela deu quando viu a chuva pela janela, a eterna pressa de querer voltar pra casa depois de um dia cansativo, a sensação de andar pela rua numa sexta feira agitada, o gosto da pêra entre o dente e o céu da boca, a idéia errada que se transforma em idéia certa depois que finalmente assistimos à um filme.

Tudo isso e muito mais do que isso, sem excessão alguma, é Deus.

Um amigo meu costuma dizer: “pergunte pra Deus porque você está onde está, porque você faz o que faz, porque você tem o desejo de ir, de voltar, de estar, de ocupar”. E na verdade, esse é um segredo que pouca gente conhece. Não porque precisamos ser robôs que questionam e querem entender a fundo tudo o que vivemos ou estamos prestes a viver, mas exatamente pelo contrário: porque é muito bom ver Deus onde ninguém vê, e saber que Ele não tem um lugar só, uma forma só, um discurso batido e clichê. Aliás, Deus não tem um discurso, e a prova disso é que às vezes Ele fala e você nem se dá conta de que é Ele falando. Deus não tem palanque, mas adora falar. O que faz de você uma pessoa especial é ter ouvidos e olhos para isso.

Você tem coragem de ouvir Deus num tipo de música que você geralmente teria preconceito? Você tem coragem de ouvir Deus quando você espera que alguém fale, mas ninguém fala nada? Você tem coragem de ouvir Deus no meio da confusão? Você tem coragem de ouvir Deus quando o som são más notícias?

Pense nisso: Enquanto todos colocam um rótulo para Deus, Ele na verdade continua se movendo em lugares e situações que ninguém imagina. Enquanto aqui no chão a gente corre feito louco e se preocupa com dinheiro, sexo e roupas, Ele lá em cima, ou na profundeza da terra e do mar, cuida para que tudo saia de acordo com o que ele criou. Animais, átomos, árvores. E isso é muito além do que você pode ver, ou pensar, não é? E ainda é só um exemplo.

Pense nisso outra vez:

A cara do guitarrista é Deus, porque Deus é um doce som, o prazer e a capacidade que temos de fazer coisas boas e bonitas, como uma música. O suspiro simples que ela deu quando viu a chuva da janela, é Deus. Porque Ele consegue ser as milhões de palavras que só um supiro traduz. Desejo, cansaço, felicidade, paz, espera, redenção, o gosto pela chuva, inspiração, Ele é tudo isso e pode ser sim, tudo isso na forma de um suspiro.
A eterna pressa de querer voltar pra casa depois de um dia cheio de trabalho também é Deus, porque Deus é desejo. Ainda que seja o seu desejo por 8 horas de sono, ainda que seja a vontade de tirar o sapato. Deus é muito misterioso, mas Ele também consegue ser amavelmente normal e óbvio. Ele é simples, não esqueça disso.
A sensação de andar pela Augusta numa sexta-feira agitada é Deus, porque é impossível você ver pessoas tão diferentes, com tantas buscas variadas, com tantos estilos próprios e não perceber que deve haver nessa vida alguma coisa que as faça ser iguais. Deus é isso, não no estilo, mas na união. Foi pelas diferenças que ele se apaixonou e achou justo morrer por você e pelo cara que não tem nada a ver com você. Deus é mais moderno que todos nós.
O gosto da pêra entre o dente e o céu da boca é Deus, porque ele é o que as pessoas precisam experimentar pra saber. Por mais que você fale, por mais que você descreva, tem coisas que só você vai sentir, porque não tem jeito, tem que experimentar.
E Deus também é a outra idéia que você tinha sobre um filme, porque Deus não é religioso. Ele entende que talvez você possa ter se enganado sobre uma pessoa, uma situação, sobre a vida, e porque não!?

Está na hora de ver Deus com os seus próprios olhos, ouvi-lo com seus próprios ouvidos e encontrar nisso uma intimidade exclusiva e indispensável, reservada só para você. Para que você produza coisas novas e o experimente dentro de você, isso é essencial. Não é poesia, é verdade.

Está na hora de ver Deus com os seus olhos.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

OK



Ok, você dormiu com ela(e).
Ok, você anda desprendido e a sorte é de quem te achar.
Ok, você é o irmão mais diferente da família.
Ok, você poderia seguir em frente mas é mais gostoso ficar na situação que vc sabe que não vai dar em nada.
Ok, esse tempo não volta e você ainda é novo.
Ok, vamos experimentar.
Ok, última vez.
Ok, isso tudo aconteceu a 2009 anos atrás.
Ok, você não gosta de ler.
Ok, você teve mais oportunidades na vida do que o cara que tá na sua frente falando de Deus
Ok, Deus ama a todos.
Ok, todo mundo faz.
Ok, você já é “salvo”.
Ok, fases passam e aquele carnaval você sabia tudo sobre o céu e nada sobre o resto do planeta que chamamos mundo.
Ok, ninguém é perfeito
Ok, a nova chance se renova amanhã cedo.
Ok, afinal você não quer ser tão imbecil quanto esses pastores sacanas
Ok, Deus não se agrada de votos de tolos.
Ok, você não precisa de cura, dinheiro, milagre, solução.
Ok, sua história é diferente
Ok, seus pais erraram
Ok, daqui uns anos você pensa.
Ok, não precisamos ser tão literais assim
Ok, escandalizar nos faz sentir mais vivos.
Ok, fé que ferve parece loucura
Ok, isso é pros seus amigos e não pra você.
Ok, o tempo vai curar.

Mas a questão não é essa. A questão é: a quem você pertence?

sábado, 11 de setembro de 2010

11de Setembro

11 diretores foram convidados para fazer um filme sobre a queda das torres gêmeas em 11 de setembro.
Essa é a brilhante contribuição de Ken Loach que traça um paralelo com um outro 11 de setembro, aquele de 1973 no Chile.

quinta-feira, 29 de julho de 2010

Pai Nosso no Inferno - Igreja dos Loucos

A criança no canto da sala

Em tempos como estes, nos quais o que mais importa na maioria das vezes é o que eu tenho nos bolsos para oferecer, ou o quão alto eu consigo gritar durante o culto, encontrar pessoas que se disponibilizem a dedicar suas vidas ao serviço cristão e amor ao próximo sem reservas, sem apetrechos e maluquices que criamos (e chamamos de teologia, às vezes) é um verdadeiro alívio. Uma luz no fim do túnel.

No entanto, estamos tão acostumados a aplaudir os que possuem mais fama e que adquiriram alguma notoriedade, que acabamos nos esquecendo daquele velhinho que sentou-se ao nosso lado no último culto. Isso, aquele mesmo. O senhor de cabelos brancos que, muito provavelmente, tem muitos testemunhos de vitórias, derrotas, penúrias e glórias para ensinar uma multidão de jovens bobos de ambições patéticas. Estamos tão calejados de aplaudir o óbvio, que não notamos o humilde irmão que nos recebe na porta do templo, com um sorriso enorme no rosto, e com uma alegria incomensurável e belíssima!

Somos meninos mimados fingindo maturidade o tempo todo. Este texto não é nada mais que um grande rabisco, feito pelas mãos de uma criança teimosa que insiste em querer ser grande. Os olhos que percorrem estas linhas são olhos pueris disfarlados de "leitura séria".

A questão é: pra que esta fantasia de "gente grande", quando o Caminho a ser percorrido é estreito exatamente ao ponto de caber nossa inocência? Se um certo poeta cantou que preferia "a pureza das respostas das crianças", e se o Maior-de-Todos-os-Poetas, diz que é delas o Reino dos Céus, por que insistimos em vestir a fantasia de adultos, santos, imaculados, perfeitos? Por que teimamos em mascarar nossas incertezas e encobrir nossas neuras?

É exatamente como já afirmei, e aqui repito: somos crianças mimadas, encolhidas e chorando baixinho atrás do muro de falsidade que nós mesmos edificamos. Fizemos o mundo inteiro olhar para este muro e tratamos de esconder nossas dúvidas, medos e questionamentos mais obscuros.

O que acabamos sempre nos esquecendo, no entanto, é que Deus nunca olhou para outro lugar, senão para a nossa criança acuada no canto da sala escura dos nossos corações maquiados.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Privilégios de um Sofredor

Me privar de sofrer é um equívoco.

Ensinar meu filho que tudo acabará bem, que a vitória estará sempre garantida é o tipo de coisa a qual não me submeterei jamais.

Essa doutrina insana, uma mentira deslavada na qual acreditamos piamente, que nos ensinou a rejeitar os momentos de dificuldade e sofrimento, que nos faz olhar para os vales da vida com medo e nojo... essa imbecil ideia que se desenvolveu no decorrer dos anos é uma infeliz mentira que nós mesmos inventamos.

Se aceitamos andar pelo Caminho, não foi pelo bem estar que ele poderia nos trazer, afinal, é uma estrada estreita, apertada e difícil de percorrer. Ignorar o "no mundo tereis aflições" que Jesus nos ensinou é uma estupidez. E esquecer que até no Vale da Sombra e da Morte, o nosso Pastor caminha conosco é a prova mais palpável da nossa incredulidade constante.

Somos simples garotos bobos que acreditam em tudo aquilo que nos trará conforto e segurança. Mas o que vale mesmo é que, como diz a letra de uma canção dos Los Hermanos, "Quem quer sempre vitória perde a glória de chorar!" Não é na bonança que nascem os verdadeiros amigos, não é na riqueza que um amor sincero se destaca, e tampouco não é na vitória que se conquista a verdadeira honra - o refrigério só vem quando precisamos dele, o consolo só chega quando carecemos de sua presença e a paz só é notada quando se conhece o efeito que sua ausência projeta em nossos corações.

Se somos todos irmãos, família de Cristo, um só Corpo em Deus, é impossível viver uma vida inteira sem sofrimento, pois sempre haverá alguém ao nosso lado que necessitará que choremos com ele, que andemos mais uma milha ou que soframos com ele a sua perda.

Quando olho pro meu filho, vejo que tenho que ensiná-lo a doutrina do amor. É minha obrigação dizer a ele o que não me ensinaram nas escolas e igrejas. Vou dizer a ele que perder não é ser menor na vida, e que o que mais importa, antes mesmo de ser um vencedor, é ter dentro do peito a verdadeira essência do cristianismo: o amor.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

UMA BAGUNÇA SÓ… NADA MAIS!


“O princípio único do inferno é este: eu sou meu!” (George MacDonald)

O tempo passa e sinto que me torno mais crítico. Tenho cada vez menos medo de questionar pressupostos ou repensar paradigmas. Decidi que não aceito mais o que me é dito sem alguma reflexão. Tornei-me um hermeneuta da suspeição, sobretudo nos assuntos da fé. E ainda que creia com todo meu coração na revelação da Palavra de Deus, sigo cada vez mais desconfiado do que dizem sobre ela ou do que dizem que ela diz. Ninguém é dono da Verdade. Ela, sim, nos possui, esquadrinha, chamando-nos a níveis mais profundos de conhecimento e intimidade.

Dentre as afirmações que decidi confrontar está a compreensão do inferno como uma organização política bem definida e hierarquicamente estruturada. Quase uma brigada militar, espécie de batalhão sobrenatural com código de conduta elaborado e relações de respeito às escalas de comando. Seria uma força alternativa, nos moldes dos exércitos celestiais, conquanto oposta a eles. O “lado escuro da força”, como nos filmes de guerras nas estrelas. Desta tese surgem várias outras, sobre batalha espiritual, demônios territoriais ou estratégias de exorcismo eficaz. E muitíssimos especialistas em cada uma.

Não posso admitir que o diabo seja um general talentoso e estrategista com um batalhão sob seu comando. Não acredito que os demônios são soldados disciplinados e obedientes movidos por uma causa comum. Não posso aceitar que o inferno seja uma organização, contrária ao Reino de Cristo e com expectativas de sucesso ou triunfo final. Não faz sentido. O céu não passou por um “racha”, do tipo que enfrentam igrejas ou partidos políticos, mas expulsou de seu meio os rebeldes, os usurpadores, os orgulhosos irreconciliáveis, condenando-os à distância eterna. Seu pecado não foi uma idéia alternativa ou discordância pontual, mas a insubmissão narcísica de quem não se rende a autoridade de quem quer que seja, ainda que a autoridade seja o próprio Deus.

O diabo não é um líder; é um rebelde. Os demônios não são um exército, mas espíritos inquebrantáveis sem qualquer abertura para o arrependimento. Eles não deixaram a esfera da glória para construir um espaço de oposição e confronto, mas foram expulsos e condenados ao andar errante e sem perspectiva de futuro. Não se submeteram a Deus; não se submeterão a ninguém. Sua natureza é rebelião, arrogância, mentira e desobediência. Quem seria bem-sucedido na formação de uma organização cujas bases fossem a revolta e a insubmissão? Quem comandaria um grupo de criaturas incapazes de qualquer gesto de cooperação? Estão por aí para matar, roubar e destruir. Não constroem, não doam e não fornecem vida a nada.

O diabo e os demônios são exemplos de uma existência totalmente desprovida de comunhão com Deus. São um sinal de alerta: devemos vigiar para que não caiamos em suas armadilhas e também cuidar para que não nos tornemos incapazes de nos quebrantar. Mostram qual é o resultado da insubmissão generalizada e da insensibilidade para o Espírito, que é quem nos conduz efetivamente a todo caminho de arrependimento. Sua ação no mundo não é organizada, articulada ou planejada, mas movida por impulsos, sentimentos de ódio e ímpeto destrutivo. Tornam semelhantes a eles todos quantos lhes dão ouvidos e seguem seus passos. Foi assim que caíram juntos: imitando uns aos outros e, todos, ao primeiro da fila. Quem não os conhece que os compre…

sábado, 29 de maio de 2010

Amigos


Aos que sempre me amaram, independente dos meus erros.
E aos que me afligem com sua
infantilidade besta, recusando minha amizade sincera.
Amo vocês.


Em tempos tão modernos, onde as relações se tornam cada vez mais virtuais e os verdadeiros amigos tornam-se cada vez menos palpáveis, vejo-me incomodado pela necessidade de esclarecer alguns pontos de vista que levo comigo a respeito de amizade, comunhão e convivência.

Não que sejam três coisas diferentes, aliás, são peças inseparáveis de uma máquina movida pela compreensão, cumplicidade e amor.

Aliás, ser amigo não é impor suas vontades e ficar magoado se alguém não as cumpre, não é ajudar esperando recompensa, e nem tampouco amar na ânsia de ter este tão nobre sentimento correspondido à altura. Amizade é andar junto, em cumplicidade. É entender a dor do outro, compadecer-se dele e andar mais uma milha, por mais doloroso que seja o caminho. Ser amigo é compreender a vida e os sentimentos do outro, é entregar-se sem reservas à uma jornada que provavelmente não será bancada por ninguém. É tudo por sua conta e risco.

Amizade não é superar as diferenças, mas nem sequer notá-las. É ser íntimo de alguém... mas aqui é preciso atenção: intimidade não é poder tocar, abraçar ou olhar o outro, mas sim conhecê-lo com propriedade e certeza, é ter nas mãos a chave do cofre onde estão guardados os seus segredos mais obscuros.

Ao contrário do que pensa a maioria, a verdadeira amizade não termina quando uma das partes rompe de alguma forma o contrato social pré-determinado pela convivência entre elas. O que acontece no entanto é o contrário - podemos ter ao nosso lado o mais fiel amigo, se ele falhar em um momento que seja, todos os bons momentos que passamos juntos serão jogados na lixeira. E o condenaremos, com pedras empunhadas, prontas para apedrejá-lo assim que ele manifestar sua reação.

A palavra perdão, que tanto insiste em aparecer em nossas orações, não é por nós compreendida nessas horas. Aliás, quando alguém falha conosco, perdoar é a última coisa que pensamos. Somos impacientes no amor, ingênuos na comunhão, rasos na convivência e incompetentes na amizade.

Comunhão é viver lado a lado, passo a passo; é chorar, sorrir, sofrer ou vencer juntos. Viver em comunhão é não negar o amor, é conviver não só nos momentos de júbilo, mas principalmente na mais sombria noite, no mais tenebroso vale ou na mais terrível descida.

Não sabemos viver em comunhão. Não sabemos viver a amizade e usufruir dos bens exclusivos que ela nos proporciona. Não passamos de sanguessugas, à procura de nossas próprias vontades, mesmo que isso custe o sangue de alguém.

Eu dou graças aos amigos que fiz. Os que estão perto e os que estão longe. Os bons amigos de verdade, os que me serviram e que se permitiram ser servidos. Os que me amaram sem pedir nada em troca, mas que não negaram a mim o prazer de amá-los também.

domingo, 16 de maio de 2010

Ambos


Ambos Amamos

Ambos Odiamos

Ambos Esquecemos

Ambos Recordamos

Ambos Vivemos

Ambos Morremos

No Entanto o Sacrifício não pode ser feito por Ambos

Aliás o Sacrifício não pode ser feito por nenhum de nós

Pois alguém já se sacrificou de tal maneira que anulou qualquer tentativa nossa de se auto-salvar...

Nos deixando assim com clareza a idéia de que.....

Ambos fomos Salvos por um só Sacrifício!

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Alerta sobre desmatamento com copos de café

Recentemente, a rede de café Starbucks de New York chamou a atenção da população para a ação que trocava dos copos de papel por uma caneca térmica chamada tumbler. Milhares de pessoas aderiram à idéia. As embalagens formaram uma imagem de floresta, com uma enorme árvore em destaque. O texto do filme acima explica: uma pessoa pode salvar uma árvore, muitas pessoas juntas podem salvar florestas. A idéia da Starbucks é tirar de circulação os copos de papel até 2015. A rede fez algo parecido aqui no Brasil, oferecendo o café do dia aos clientes que levarem sua própria tumbler ou comprarem uma nas lojas.

domingo, 2 de maio de 2010

sexta-feira, 30 de abril de 2010

Ela Nunca Chegou a Dizer


Ela nunca chegou a dizer, mas minha esposa acha que estamos ficando relaxados.

Afinal, não vamos mais a "Igreja", como fazíamos antes. O que não significa que nos afastamos da igreja. Muito pelo contrário, estamos muito mais ligados a ela do que antes - já que agora tomamos a total consciência de que, se não assumirmos a postura de membros do Corpo de Cristo (realidade que está muito além de templos e instituições), jamais poderemos ser chamados de cristãos e frequentar um templo, seja ele qual for, não nos fará justificados.

A justificação já foi feita na cruz, onde o Mestre nos fez Igreja. Sua Noiva. Povo Seu. Anunciadores do Reino. Seus Filhos - reflexos ambulantes da sua incontestável soberania e do seu infinito amor.

Agora somos Igreja.

Ela nunca chegou a dizer, mas minha esposa acha que estamos ficando Cristãos demais...

quarta-feira, 14 de abril de 2010

O IMPOSTOR QUE VIVE EM MIM



Os impostores se preocupam com a aceitação e a aprovação. Por causa da sufocante necessidade de agradas outros, não conseguem dizer não com a mesma confiança que dizem sim. Por isso fazem das pessoas, dos projetos e das causas uma extensão de si mesmos, motivados não pelo comprometimento pessoal, mas pelo medo de não atingir as expectativas dos outros.

O falso eu nasce na infância, quando não somos amados, quando somos rejeitados ou abandonados. John Bradshaw define a co-dependência como uma doença “caracterizada pela perda da identidade. Ser co-dependente é estar destituído do contato com os próprios sentimentos, as necessidades e os desejos”.

O impostor é o co-dependente clássico. Para alcançar aceitação e aprovação, o falso eu suprime, ou camufla, sentimentos, impossibilitando a honestidade emocional. Viver a partir do falso eu gera um desejo compulsivo de apresentar uma imagem perfeita para o público, de forma que todos nos admirem e ninguém nos conheça. A vida do impostor se transforma numa montanha russa de exultação e depressão.

O falso eu se vale de experiências externas para construir uma fonte pessoal de significado. A busca por dinheiro, poder, glamour, proezas sexuais, reconhecimento e status realça o mérito pessoal e cria a ilusão de sucesso. O impostor é o que ele faz.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Deus não existe!!!



Deus não existe. Ele é Ele mesmo pra além de toda essência e existência. Portanto, argüir acerca da existência de Deus é o mesmo que negá-Lo.
Deus não existe. Ele é. Eu existo. Pois existir não é algo que seja pertinente ao que É. Existir é o que se deriva do que sendo, É de si e por si mesmo.
Deus não existe. O que existe tem começo. Deus nunca começou. Deus nunca surgiu. Nunca houve algo dentro do que Deus tenha aparecido.
Deus não existe. Se Deus existisse, Ele não seria Deus, mas apenas um ser na existência.
Se Deus existisse, Ele teria que ter aparecido dentro de algo, de alguma coisa, e, portanto, essa coisa dentro da qual Deus teria surgido, seria a Coisa-Deus de deus.
Existem apenas as coisas que antes não existiam. Existir surge da não existência. Deus, porém, nunca existiu, pois Ele é.
Sim, dizer que Deus existe no sentido de que Ele é alguém a ser afirmado como existente, é a própria negação de Deus. Pois, se alguém diz que Deus existe, por tal afirmação, afirma Deus, e, por tal razão, o nega; posto que Deus não tem que ser afirmado, mas apenas crido.
Deus É, e, portanto, não existe. Existe o Cosmos. Existem as galáxias. Existem todos os entes energéticos. Existem anjos. Existem animais e toda sorte de vida e anima vivente. Existem vegetais, peixes, e organismos de toda sorte. Existem as partículas atômicas e as subatômicas. Existe o homem. Etc. Mas Deus não existe. Posto que se Deus existisse dentro da Existência, Ele seria parte dela, e não o Seu Criador.
Um Criador que existisse em Algo, seria apenas um engenheiro Universal e um mestre de obras cósmico. Nada, além disso. Com muito poder. Porém, nada além de um Zeus Maior.
Assim, quando se diz que Deus está morto, não se diz blasfêmia quando se o diz com a consciência acima expressa por mim; pois, nesse caso, quem morreu não foi Deus, mas o “Deus existente” criado pelos homens. Tal Deus morreu como conceito. Entretanto, tal Deus nunca morreu De Fato, pois, como fato, nunca existiu — exceto na mente de seus criadores.

Assim, o exercício teológico, seja ele qual for, quando tenta estudar Deus e explicar Deus, tratando-o como existente, o nega; posto que diz que Deus existe, fazendo Dele um algo, um ente, uma criatura de nada e nem ninguém, mas que também veio a existir dentro de Algo que pré-existia a Ele, e, portanto, trata-se de Algo - Deus sobre o tal Deus que existe.
A Escritura não oferece argumentos acerca da existência de Deus. Jesus tampouco tentou qualquer coisa do gênero. Tanto Jesus quanto a Escritura apenas afirmam a fé em Deus, e tal afirmação é do homem e para o homem — não para Deus —; pois se fosse para Deus, o homem seria o Deus de Deus, posto a existência de Deus dependeria da afirmação e do reconhecimento humano. Tal Deus nem é e nem existe; exceto na mente de seus criadores.
Deus não existe. O que existe pertence ao mundo das coisas que existem OU não existem. Deus, porém, não pertence a nada, e, em relação a Ele, nada é relação.
Defender a existência de Deus é ridículo. Sim, tal defesa apenas põe Deus entre os objetos de estudo. Por isto, dizer: “Deus existe e eu provo” — é não só estupidez e burrice; mas é, sem que se o queira, parte da profissão de fé que nega Deus; pois se tal Deus existe, e alguém prova isto, aquele que apresenta a prova, faz a si mesmo alguém de quem Deus depende pra existir... e ou ser.
O que “existe”, pertence à categoria das que coisas que são porque estão. Deus, porém, não está; posto que Ele É.
Ser e estar não são a mesma coisa, como o são na língua inglesa. O que existe pertence ao que é apenas porque está. Deus, entretanto, não está porque Ele É.
E quem direi que me enviou?” — perguntou Moisés. “Dize-lhes: Eu sou me enviou a vós outros!” — disse Ele.
Desse modo, Deus não diz “Eu Estou”, mas sim “Eu Sou”. Ora, um Deus que está, não é, mas passou a ser. Porém o Deus que É, mas não está; não pertence ao mundo das coisas verificáveis; posto que Aquele que É, não está; pois se estivesse, seria —, mas não Seria Aquele de Quem procedem todas as existências, sendo Ele apenas um ele, e não Ele; e, por tal razão, fazendo parte das coisas que existem — mas sem poder dizer Eu Sou!
Jesus também falou da sutileza do ser em relação ao estar. Quando indagado acerca da ressurreição pelos saduceus (que não criam em nada que não fosse tangível), Ele respondeu: “Não lestes o que está escrito? Eu sou o Deus de Abraão, eu sou o Deus de Isaque, eu sou o Deus de Jacó. Portanto, Ele é Deus de vivos, e não de mortos; pois para Ele todos vivem”. Assim, os que vivem para sempre são os que são em Deus, e não os que estão existindo. A vida eterna não é existir pra sempre, mas ser em Deus.
Assim, para viver eternamente eu tenho que entrar na dissolvência da existência, a fim de poder mergulhar naquilo que está pra além do que existe; posto que É.
A morte pertence à existência. A vida, porém, se vincula ao que não existe, pois, de fato É.
O que existe carrega vida, mas não é vida. A vida, paradoxalmente, não pertence ao que é existente, mas sim ao que É.
Quando falo de vida, refiro-me não às cadeias de natureza biológica que constituem a vida dentro da existência. Mas, ao contrario, ao falar em vida, refiro-me ao que é para além da existência constatável.

domingo, 21 de março de 2010

Se não houvessem dias Maus....


Talvez não existissem lágrimas, e não regaríamos com elas as nossas esperanças de dias melhores.

Talvez a dor não existisse ou fosse irrelevante diante das alegrias dos eternos bons momentos de uma vida perfeita.

Não haveriam perdedores, esquecidos, pobres, desesperançosos, rejeitados, mal-amados, miseráveis ou esfomeados. Tudo seria paz e "guerra" não passaria de uma palavra obsoleta e sem significado algum.

Se não houvessem dias maus, o bom ânimo seria desnecessário, pois todo obstáculo já estaria vencido, antes mesmo de existir.

Talvez não haveriam crianças sujas e famintas esparramadas pelas ruas, que por sua vez não teriam engarrafamentos, pedintes, acidentes ou buracos no asfalto quente.

Se não houvessem dias maus, a fé seria inútil; o amor, banal; a esperança, desnecessária; e o valor do pensamento seria zero.

A graça de viver os maus dias é esperar pelo próximo sol. Deixar rolar a lágrima que contém o imperceptível grão da fé necessária para prosseguir.

Se temos que passar por aflições, façamos isto com bom ânimo (João 16:33), pois se não houvessem dias maus, nenhuma alegria teria sabor, e nenhuma vitória seria festejada; a tristeza não existiria e nossa esperança de um dia ter dos olhos toda lágrima exugada sequer existiria.

"Muito obrigado pelos dias maus."