sexta-feira, 27 de abril de 2012

Rabiscando na areia


Foi arte e foi teatro ao mesmo tempo, mas foi ainda mais. Foi o que Ele não disse que falou mais poderosamente à turba naquela manhã. Foi como um copo de água fria para uma adúltera sedenta e um jato de água fria no rosto para um grupo de fariseus furiosos.
Até hoje não temos a menor idéia do que Jesus rabiscou duas vezes na areia. Em geral tem-se feito a pergunta errada através dos séculos. Trabalha-se no conteúdo sobre o que ele poderia ter escrito. Pergunta-se o quê sem sequer perceber-se que a verdadeira pergunta deveria ser por quê? Não é o conteúdo que importa, mas o porquê de Ele ter feito isso. Inesperado. Irritante. Criativo.
Eles estavam furiosos, é claro — com Jesus e com a mulher. (Por tudo o que sabemos, eles devem ter armado para que ela fosse pega). Arrastaram-na até o pátio do templo, interrompendo sabe-se lá qual lição brilhante que Jesus estava dando.
Você conhece a história. “Tu, pois, que dizes?” — eles lhe perguntaram, com a falsa reverência à qual Ele havia se acostumado com o tempo.
Mas Jesus não disse nada. Nenhuma sílaba. Em vez disso, agachou-se e “escreveu” algo com o dedo na areia sagrada do templo.
Os escribas e fariseus não podiam suportar seu silêncio pensativo, e continuaram incitando-o com perguntas.
Jesus finalmente quebrou o terrível silêncio. Erguendo-se uma vez mais, deixando de lado seus rabiscos, Ele deu, em apenas quatorze palavras, um resumo de sabedoria e compaixão que conferiu a forma perfeita à sua vida (e que pode fazer o mesmo com a nossa): “Aquele que dentre vós estiver sem pecado seja o primeiro que lhe atire pedra” (Jo 8.7).
Ele, então, voltou à atividade. Aquele que havia desenhado as galáxias com o mesmo dedo, agachou-se como um aluno, sua língua talvez dobrando-se no canto da boca, escrevendo mais uma vez aquelas palavras pelas quais daríamos um tesouro para saber quais foram, mas que nunca saberemos.
O que Jesus fez naquela manhã criou um espaço no tempo, que permitiu que a turba furiosa se acalmasse, ouvisse sua palavra, pensasse finalmente a respeito dela, fosse convencida e respondesse a ela — ou não. Fez com que o tempo se aquietasse. Foi original. Foi inesperado. Foi uma resposta ao barulho e à confusão, e a toda a intensa atividade ao seu redor, ainda que Ele mesmo não estivesse nem um pouco incomodado pelo barulho. Pelo contrário, o ato de Jesus criou uma moldura em torno do silêncio — o tipo de silêncio a partir do qual Deus fala ao coração. Em resumo, foi um ato supremo de criatividade. Foi arte.
Aparentemente, a forma e até mesmo o conteúdo não foram o que na verdade importou, não tanto quanto o fato de que, por um momento, o barulho cessou e a atenção de todos concentrou-se em outro lugar. Naquele momento, todos ao redor aprenderam que o seu mundo não era o único mundo que existia. E, assim, foram liberados. Isso também é arte.
Nossos livros minuciosos, nossos quadros grandiosos, nossas sinfonias majestosas, toda a arte até hoje feita em seu nome desde aquele dia, não podem esperar ser mais e não devem permitir-se ser menos do que os rabiscos de Jesus na areia naquela manhã. Se aquilo que criamos, escrevemos, dançamos ou cantamos pode abrir tamanho espaço no tempo por meio do qual Deus pode falar, imagine as possibilidades! A pintura pode tornar-se uma janela através da qual um mundo confuso olha e vê a ordem sadia da criação de Deus. A música pode tornar-se um eco orquestrado da voz que os ouvidos cansados da humanidade há séculos têm ansiado ouvir. Essa é arte por meio da qual Deus é visto e ouvido, na qual Ele é encarnado, é “detalhado” em pintura e tinta, em pedra, em movimento criativo. Do ponto de vista cinza e vazio do mundo caído, são apenas arranhões e rabiscos na areia, mas, à luz da eternidade, tornam-se o ensejo para a revelação divina. O que mais poderíamos esperar, e, uma vez tendo visto esta nova possibilidade, como poderíamos nos conformar com menos?

domingo, 8 de abril de 2012

Porque Lembrar é Ser


O ser humano é aquele que se lembra. É porque temos memória que temos identidade. O animal pode ser algo diferente a cada momento em que acorda de novo sem nem mesmo saber a razão da mudança, pois ele não carrega o seu passado consigo. Ele não pensa sobre o seu passado, sobre o que foi, e a relação disso com o que ele é, e com o que ele será amanhã. Mas o ser humano não é assim.
O ser humano é feito de uma fusão, em sua consciência presente, do passado que ele foi e do futuro que ele quer ser. O ser humano tem consciência de sua temporalidade. É por isso que temos tradições e temos história pessoal, e nos lembramos de “quando eu tinha dez anos…”. É por isso também que a gente muda – é porque decidimos ser diferentes do que fomos antes, em muitos aspectos.
Mas há coisas que desejamos esquecer; às vezes legitimamente, às vezes não. E há uma coisa que o mundo contemporâneo gostaria de esquecer a qualquer custo: a morte e a ressurreição de Jesus. A Cruz é o testemunho cravado bem no meio da estrada da história de que o homem tomou a direção errada e de que Deus apareceu para corrigi-la. Na maior parte do tempo as pessoas se desligam do fato, mas precisamos lembrá-las, e precisamos lembrar a nós mesmos de que o sentido e o fim da história já foram revelados, de que a nossa vida já foi iluminada, explicada e avaliada pela Cruz.
Doravante é inautêntico e falso tentar viver como se nada tivesse acontecido. Seria como continuar dançando alegremente no salão de festas do Titanic enquanto o navio afunda. A verdade sobre quem nós somos e sobre o julgamento do mundo já foi desvendada, assim como a verdade sobre a presença de Deus e a redenção em Jesus.
Isso significa que precisamos nos lembrar sempre desse grande evento: diariamente, semanalmente, e anualmente. Não para relembrar um fato externo a nós apenas, mas também para relembrar a verdade sobre a nossa condição interna, sobre quem nós realmente somos.
Ter um período do ano totalmente dedicado à reflexão sobre a última ceia, o sofrimento, a morte e a ressurreição de Jesus nos ajuda a lembrar porque é que somos cristãos, ao invés de ser outra coisa. Nos ajuda a entender que enfim não podemos ser outra coisa, e que nenhum ser humano jamais poderá ser autenticamente outra coisa, e que se algum ser humano decide ser outra coisa, está deixando de ser o que é.
Então, enquanto o mundo se lembra de coelhos e ovos, vamos aproveitar o momento para voltar à realidade e para chamar o mundo à realidade, para se lembrar da Cruz de Jesus Cristo. Vamos cultivar a tradição de lembrar o que não pode ser esquecido, pois deixar de lembrar é deixar de ser.
E assim, relembrando o que Deus fez por nós ontem, saberemos quem somos hoje, e o futuro glorioso que nos aguarda no amanhã.

sexta-feira, 6 de abril de 2012

Até Domingo


Em uma sexta feira acerca de 2000 anos atrás às 3 horas da tarde sua carne se tornou o pão que foi esmagado por mim e por vc e o seu sangue foi como o vinho derramado no chão e pisado em nosso lugar... Todos aqui sabem o quanto eu desprezo qualquer religião... Mas o que ele fez não consiste em religião... consiste em amor.. foi o amor dele que me fez ser o que sou hj... existem coisas na minha vida que não existiriam se não fosse minha consciência pelo que Ele fez... não há denominação, pastor, música, banda, ou qualquer outra coisa q substitua Ele na minha vida.... Enfim só tenho a agradecer a Vc Jesus, obrigado pelo sangue, pela morte e pela vida... E até domingo!!!